terça-feira, 30 de agosto de 2011

CAMINHOS E DESCAMINHOS
Formado por estudos anteriormente publicados em revistas nacionais e estrangeiras, assim como por capítulos presentes em Monções (1945), o trabalho, fundamentado numa grande variedade de documentação - inventários, testamentos, relatos de viagens etc. - é dividido em três partes: Índios e Mamalucos, Técnicas Rurais, O Fio e a Teia. A primeira discorre sobre a forte e constante influência dos grupos ameríndios sobre o modo de viver e pensar dos adventícios, os quais, como forma de sobrevivência na insalubridade da capitania de Martim Afonso, além de desprovidos de maiores cuidados por parte da Coroa Portuguesa, amalgamou a cultura material (armamentos, culinária, coleta do mel etc.) dos grupos nativos à sua própria identidade, desenvolvendo a partir dela técnicas e mentalidades que até hoje são observadas; a segunda parte trata das tentativas de introduzir tecnologia e hábitos europeus - p. ex. o arado e o trigo em solo brasileiro- e sua recepção por parte dos indígenas; a terceira fala sobre as técnicas têxteis, tanto ameríndias quanto adventícias. O estudo também apresenta, além de introdução feita pelo próprio autor e do prefácio supracitado, útil índice remissivo, que permite ao leitor não somente achar um ponto específico, mas também possibilita uma leitura não linear.
Objetivando a formação das mentalidades paulistas coloniais, decorrente da dialética colonizador - colonizado, todo o texto é permeado por uma idéia central. O fato de que a colonização não se deu de maneira homogênea no campo das mentalidades, isto é, nem sempre os portugueses foram os colonizadores, mas muitas vezes colonizados pelos hábitos do "negro da terra" (índio). Na dialética colonial, ambos os lados tiveram sua parcela de aculturação, cabendo ao português adaptar-se às técnicas do gentio para garantir sua sobrevivência. Desse constante choque de vivências e mentalidades surge à figura do mamaluco, metáfora de uma mestiçagem não apenas física e biológica, mas sim cultural e intelectual; não é à toa que o autor prefere o vocábulo arcaizante mamaluco em vez do corrente mameluco, porquanto o primeiro designa, na obra, a gênese de nossa cultura. Subvertendo boa parte da historiografia brasileira anterior, o estudo mostra que os indígenas não foram apenas subjugados em sua sociedade e cultura, mas também foi parte estruturalmente imprescindível para o "sucesso" da empresa colonial.
O próprio título da obra não deve ser pensado apenas em seu significado estrito e literal, isto é, os caminhos e fronteiras encontrados pelos bandeirantes, mas sim refletido de acordo com os caminhos que a sociedade brasileira encontrou para si própria e para suas tradições mestiças.
Partindo da civilização material, e acerca dela tecendo comentários, o autor chega ao nível das mentalidades e dos entrecruzamentos culturais que até hoje permanecem, salvo as modificações impostas pelo advento da "modernidade", em algum lugar do interior paulista. O aspecto aparentemente simples e pouco importante do cultivo de abelhas em cabaças, para que destas se extraia o mel, é até hoje encontrado em alguns lugares, não sendo apenas herança do bandeirantismo, mas sim marca presente (no tempo e no espaço) de uma cultura mestiça em suas raízes mais profundas; a própria toponímia brasileira marca essa forte dialética colonial, cuja síntese resultante encontra-se em nossa sociedade hodierna.
Toda grande obra é ponto de partida para outra. Em Caminhos e Fronteiras é visto como os primeiros colonos paulistas receberam a influência indígena e dela fizeram objeto básico para o quotidiano. A obra cumpre impecavelmente a sua proposta, entretanto, seria interessante observar futuros trabalhos que enfoquem de que modo as técnicas, a civilização material e as mentalidades adventícias influenciaram as mentalidades indígenas, ou adicionar mais um elemento à dialética de Fronteiras, isto é, o escravo negro; ou ainda, observar os impactos que a sociedade indígena trouxe às mentalidades religiosas. Não obstante, resta saber, para o bom andamento das futuras pesquisas, assim como para assegurar que as memórias da nossa mentalidade não estejam somente em livros ou em museus, se a tecelã mencionada pelo autor na terceira parte da obra ainda pode ser encontrada tecendo redes em Sorocaba, ou se sucumbiu perante o "progresso”.
 O corpo humano e máquina entre técnica e natureza. Atualmente, essa visão é algo de muito críticas, pois a tecnologia não se reduz a problemas puramente tecnológicos, é uma concepção de corrente do otimismo quanto o A técnica é concebida como exterior ao ser humano, uma separação entre o desenvolvimento tecnológico. Oriundo do aprofundamento da segunda revolução industrial no ocidente (até 1960) que antecede a atual fase pós-industrial. A segunda concepção de desenvolvimento tecnológico é apresentada pelo filósofo francês Gilbert Simondon, que interpreta a questão de outra forma. Para ele uma pessoa ou artefato técnico nunca existe plena e satisfatoriamente com produto finalizado ou independente da vontade de seu idealizador ou construtor. Isso implica uma continuidade e possíveis diálogos entre indivíduos e maquinas. Uma visão mais critica e radical do papel de tecnologia no sentido oposto a primeira e complementar à segunda, considera o processo tecnológico com processo humano de interiorização das técnicas, associando-a a técnica à natureza humana e à cultura. Tal processo é designado intimidação humana da técnica. Ela decorre da sofisticação de nossos processos científico- tecnológicos do final do séc. XX associados à nova engenharia genética e aos avanços da biotecnologia. A intimidação humana da tecnologia tem repercuções não apenas na esfera econômica e tecnológica, mas também na ética, pois contribui para subverter o sentido de vida natural e daquilo que até então constituída o entendimento sobre o humano e sua identidade como espécie. A intimidação questiona os aspectos subjetivos das antigas e das novas identidades dos seres humanos, a luz das tecnologias revolucionaria da biologia molecular e da engenharia genética.
Portanto a humanidade terá de debater questões ligadas ao presente e ao futuro da natureza em razão da transgenia (intervenção e alteração do código genético das plantas e animais) da engenharia genética (reprodução e terapias humanas) e da manipulação e utilização das células tronco.

Globalização

A globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global que permita maiores mercados para os países centrais (ditos desenvolvidos) cujos mercados internos já estão saturados. O processo de Globalização diz respeito à forma como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. Com isso, gerando a fase da expansão capitalista, onde é possível realizar transações financeiras, expandir seu negócio até então restrito ao seu mercado de atuação para mercados distantes e emergentes, sem necessariamente um investimento alto de capital financeiro, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão, porém, obtém-se como consequência o aumento acirrado da concorrência.

História

A globalização é um fenômeno capitalista e complexo que começou na era dos descobrimentos e que se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Mas o seu conteúdo passou despercebido por muito tempo, e hoje muito economistas analisam a globalização como resultada do pós Segunda Guerra Mundial, ou como resultado da Revolução Tecnológica.
Sua origem pode ser traçada do período mercantilista iniciado aproximadamente no século XV e durando até o século XVIII, com a queda dos custos de transporte marítimo, e aumento da complexidade das relações políticas européias durante o período. Este período viu grande aumento no fluxo de força de trabalho entre os países e continentes, particularmente nas novas colônias européias.
Já em meio à Segunda Guerra Mundial surgiu, em 1941, um dos primeiros sintomas da globalização das comunicações: o pacote cultural-ideológico dos Estados Unidos incluía várias edições diárias de O Repórter Esso, uma síntese noticiosa de cinco minutos rigidamente cronometrados, a primeira de caráter global, transmitido em 14 países do continente americano por 59 estações de rádio, constituindo-se na mais ampla rede radiofônica mundial.
É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra mundial, e a vontade de impedir que uma monstruosidade como ela ocorresse novamente no futuro, sendo que as nações vitoriosas da guerra e as devastadas potências do eixo chegaram à conclusão que era de suma importância para o futuro da humanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as nações uma das outras. Deste consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o conceito de bloco econômico pouco após isso com a fundação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço - CECA.
A necessidade de expandir seus mercados levou às nações a aos poucos começarem a se abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do liberalismo.
Atualmente os grandes beneficiários da globalização são os grandes países emergentes, especialmente o BRIC, com grandes economias de exportação, grande mercado interno e cada vez maior presença mundial. Antes do BRIC, outros países fizeram uso da globalização e economias voltadas à exportação para obter rápido crescimento e chegar ao primeiro mundo, como os tigres asiáticos na década de 1980 e Japão na década de 1970.
Enquanto Paul Singer vê a expansão comercial e marítima européia como um caminho pelo qual o capitalismo se desenvolveu assim como a globalização, Maria da Conceição Tavares aposta o seu surgimento na acentuação do mercado financeiro, com o surgimento de novos produtos financeiros.

Impacto

A globalização afeta todas as áreas da sociedade, principalmente comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta.

Comunicação

A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet, a rede mundial de computadores, possível graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como fator de limitação a barreira linguística.
Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infra-estruturar para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças à inovação tecnológica. Hoje uma inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virar sucesso de mercado. Um exemplo da universalização do acesso a informação pode ser o próprio Brasil, hoje com 42 milhões de telefones instalados, e um aumento ainda maior de número de telefone celular em relação à década de 1980, ultrapassando a barreira de 100 milhões de aparelhos em 2002.
Redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, alguma vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro, desde NHK do Japão até Cartoon Network americana.
Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa acionado pela globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação a terem acesso à informação de todo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta
Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que seus cidadãos têm acesso.
Na China, onde a internet tem registrado crescimento espetacular, já contando com 136 milhões de usuários graças à evolução, iniciada em 1978, de uma economia centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado, é outro exemplo de nação notória por tentar limitar a visualização de certos conteúdos considerados "sensíveis" pelo governo, como do Protesto na Praça Tiananmem em 1989, além disso, em torno de 923 sites de noticias ao redor do mundo estão bloqueados, incluindo CNN e BBC, sites de governos como Taiwan também são proibidos o acesso e sites de defesa da independência do Tibete. O número de pessoas presas na China por "ação subversiva" por ter publicado conteúdos críticos ao governo é estimado em mais de 40 ao ano. A própria Wikipédia já sofreu diversos bloqueios por parte do governo chinês.
No Irã, Arábia Saudita e outros países islâmicos com grande influência da religião nas esferas governamentais, a internet sofre uma enorme pressão do estado, que tenta implementar diversas vezes barreiras e dificuldades para o acesso a rede mundial, como bloqueio de sites de redes de relacionamentos sociais como Orkut e MySpace, bloqueio de sites de noticias como CNN e BBC. Acesso a conteúdo erótico também é proibido.

Qualidade de vida

O acesso instantâneo de tecnologias, principalmente novos medicamentos, novos equipamentos cirúrgicos e técnicas, aumento na produção de alimentos e barateamento no custo dos mesmos, têm causado nas últimas décadas um aumento generalizado da longevidade dos países emergentes e desenvolvidos. De 1981 a 2001, o número de pessoas vivendo com menos de US$1 por dia caiu de 1,5 bilhões de pessoas para 1,1 bilhão, sendo a maior queda da pobreza registrada exatamente nos países mais liberais e abertos a globalização.
Na China, após a flexibilização de sua economia comunista centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado, e uma relativa abertura de alguns de seus mercados, a porcentagem de pessoas vivendo com menos de US$2 caiu 50,1%, contra um aumento de 2,2% na África sub-saariana. Na América Latina, houve redução de 22% das pessoas vivendo em pobreza extrema de 1981 até 2002.
Embora alguns estudos sugiram que atualmente a distribuição de renda ou está estável ou está melhorando, sendo que as nações com maior melhora são as que possuem alta liberdade econômica pelo Índice de Liberdade Econômica, outros estudos mais recentes da ONU indicam que "a 'globalização' e 'liberalização', como motores do crescimento econômico e o desenvolvimento dos países, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas".
Para o prêmio Nobel em economia Stiglitz, a globalização, que poderia ser uma força propulsora de desenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, está sendo corrompida por um comportamento hipócrita que não contribui para a construção de uma ordem econômica mais justa e para um mundo com menos conflitos. Esta é, em síntese, a tese defendida em seu livro A globalização e seus malefícios: a promessa não-cumprida de benefícios globais. Críticos argumentam que a globalização fracassou em alguns países, exatamente por motivos opostos aos defendidos por Stiglitz: Porque foi refreada por uma influência indesejada dos governos nas taxas de juros e na reforma tributária.

Efeitos na indústria e serviços

Os efeitos no mercado de trabalho da globalização são evidentes, com a criação da modalidade de outsourcing de empregos para países com mão-de-obra mais baratas para execução de serviços que não é necessário alta qualificação, com a produção distribuída entre vários países, seja para criação de um único produto, onde cada empresa cria uma parte, seja para criação do mesmo produto em vários países para redução de custos e ganhar vantagem competitivas no acesso de mercados regionais.
O ponto mais evidente é o que o colunista David Brooks definiu como "Era Cognitiva", onde a capacidade de uma pessoa em processar informações ficou mais importante que sua capacidade de trabalhar como operário em uma empresa graças à automação, também conhecida como Era da Informação, uma transição da exausta era industrial para a era pós-industrial.
Nicholas A. Ashford, acadêmico do MIT, conclui que a globalização aumenta o ritmo das mudanças disruptivas nos meios de produção, tendendo a um aumento de tecnologias limpas e sustentáveis, apesar de que isto irá requerer uma mudança de atitude por parte dos governos se este quiser continuar relevante mundialmente, com aumento da qualidade da educação, agir como evangelista do uso de novas tecnologias e investir em pesquisa e desenvolvimento de ciências revolucionárias ou novas como nanotecnologia ou fusão nuclear. O acadêmico, nota, porém, que a globalização por si só não traz estes benefícios sem um governo pró-ativo nestas questões, exemplificando o cada vez mais globalizado mercados EUA, com aumento das disparidades de salários cada vez maior, e os Países Baixos, integrante da UE, que se foca no comércio dentro da própria UE em vez de mundialmente, e as disparidades estão em redução.

Teorias da Globalização

A globalização, por ser um fenômeno espontâneo decorrente da evolução do mercado capitalista não direcionado por uma única entidade ou pessoa, possui várias linhas teóricas que tentam explicar sua origem e seu impacto no mundo atual.
A rigor, as sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da História, acelerado pela época dos Descobrimentos. Mas o processo histórico a que se denomina Globalização é bem mais recente, datando (dependendo da conceituação e da interpretação) do colapso do bloco socialista e o consequente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnação econômica da URSS (a partir de 1975) ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial.
No geral a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais nações. Ou ainda que a globalização seja a reinvenção do processo expansionista americano no período pós guerra-fria (esta reinvenção tardaria quase 10 anos para ganhar forma) com a imposição (forçosa ou não) dos modelos políticos (democracia), ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e econômico (abertura de mercados e livre competição).
Vale ressaltar que este projeto não é uma criação exclusiva do estado norte-americano e que tampouco atende exclusivamente aos interesses deste, mas também é um projeto das empresas, em especial das grandes empresas transnacionais, e governos do mundo inteiro. Nesta ponta surge a inter-relação entre a Globalização e o Consenso de Washington.

Antonio Negri

O pensador italiano Antonio Negri defende, em seu livro "Império", que a nova realidade sócio-política do mundo é definida por uma forma de organização diferente da hierarquia vertical ou das estruturas de poder "arborizadas" (ou seja, partindo de um tronco único para diversas ramificações ou galhos cada vez menores). Para Negri, esta nova dominação (que ele batiza de "Império") é constituída por redes assimétricas, e as relações de poder se dão mais por via cultural e econômica do que uso coercitivo de força. Negri entende que entidades organizadas como redes (tais como corporações, ONGs e até grupos terroristas) têm mais poder e mobilidade (portanto, mais chances de sobrevivência no novo ambiente) do que instituições paradigmáticas da modernidade (como o Estado, partidos e empresas tradicionais).

Stuart Hall

Em A Identidade cultural na Pós-Modernidade, Stuart Hall (2003) busca avaliar o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas, assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo de globalização. A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e as estruturas por muito tempo consideradas como fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização dos centros de exercício do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seus efeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando o que gerou quais as formas e quais as consequências da crise dos paradigmas do final do século XX.

 

Daniele Conversi

Para Conversi, os acadêmicos ainda não chegaram a um acordo sobre o real significado do termo globalização, para o qual ainda não há uma definição coerente e universal: alguns autores se concentram nos aspectos econômicos, outros nos efeitos políticos e legislativos, e assim por diante. Para Conversi, a 'globalização cultural' é, possivelmente, sua forma mais visível e efetiva enquanto "ela caminha na sua trajetória letal de destruição global, removendo todas as seguranças e barreiras tradicionais em seu caminho. É também a forma de globalização que pode ser mais facilmente identificada com uma dominação pelos Estados Unidos. Conversi vê uma correlação entre a globalização cultural e seu conceito gêmeo de 'segurança cultural', tal como desenvolvido por Jean Tardiff, e outros
Conversi propõe a análise da 'globalização cultural' em três linhas principais: a primeira se concentra nos efeitos políticos das alterações sócio-culturais, que se identificam com a 'insegurança social'. A segunda, paradoxalmente chamada de 'falha de comunicação', tem como seu argumento principal o fato de que a 'ordem mundial' atual tem uma estrutura vertical, na realidade piramidal, onde os diversos grupos sociais têm cada vez menos oportunidades de se intercomunicar, ou interagir de maneira relevante e consoante suas tradições; de acordo com essa teoria não estaria havendo uma 'globalização' propriamente dita, mas, ao contrário, estariam sendo construídas ligações-ponte, e estaria ocorrendo uma erosão do entendimento, sob a fachada de uma homogeneização global causando o colapso da comunicação interétnica e internacional, em consequência direta de uma 'americanização' superficial. A terceira linha de análise se concentra numa forma mais real e concreta de globalização: a importância crescente da diáspora na política internacional e no nascimento do que se chamou de 'nacionalismo de e-mail" - uma expressão criada por Benedict Anderson (1992). "A expansão da Internet propiciou a criação de redes etnopolíticas que só podem ser limitadas pelas fronteiras nacionais à custa de violações de direitos humanos".

Antiglobalização

Apesar das contradições há certo consenso a respeito das características da globalização que envolve o aumento dos riscos globais de transações financeiras, perda de parte da soberania dos Estados com a ênfase das organizações supra-governamentais, aumento do volume e velocidade como os recursos vêm sendo transacionados pelo mundo, através do desenvolvimento tecnológico etc.
Além das discussões que envolvem a definição do conceito, há controvérsias em relação aos resultados da globalização. Tanto podemos encontrar pessoas que se posicionam a favor como contra (movimentos antiglobalização).
A globalização é um fenômeno moderno que surgiu com a evolução dos novos meios de comunicação cada vez mais rápidos e mais eficazes. Há, no entanto, aspectos tanto positivos quanto negativos na globalização. No que concerne aos aspectos negativos há a referir à facilidade com que tudo circula não havendo grande controle como se pode facilmente depreender pelos atentados de 11 de Setembro nos Estados. Esta globalização serve para os mais fracos se equipararem aos mais fortes, pois tudo se consegue adquirir através desta grande autoestrada informacional do mundo que é a Internet. Outro dos aspectos negativos é a grande instabilidade econômica que se cria no mundo, pois qualquer fenômeno que acontece num determinado país atinge rapidamente outros países criando-se contágios que tal como as epidemias se alastram a todos os pontos do globo como se de um único ponto se tratasse. Os países cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há possibilidade de se isolarem ou remeterem-se no seu ninho, pois ninguém é imune a estes contágios positivos ou negativos. Como aspectos positivos, temos sem sombra de dúvida, a facilidade com que as inovações se propagam entre países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens. Com a ressalva de que para as classes menos favorecidas economicamente, especialmente nos países em desenvolvimento, esse acesso não é "fácil" (porque seu custo é elevado) e não será rápido.

Tecnologia

A tecnologia é de uma forma geral, o encontro entre ciência e engenharia. Sendo um termo que inclui desde as ferramentas e processos simples, tais como uma colher de madeira e a fermentação da uva, até as ferramentas e processos mais complexos já criados pelo ser humano, tal como a Estação Espacial Internacional e a dessalinização da água do mar. Freqüentemente, a tecnologia entra em conflito com algumas preocupações naturais de nossa sociedade, como o desemprego, a poluição e outras muitas questões ecológicas, filosóficas e sociológicas.

História da tecnologia

A história da tecnologia é quase tão antiga quanto à história da humanidade, e se segue desde quando os seres humanos começaram a usar ferramentas de caça e de proteção. A história da tecnologia tem consequentemente, embutida a cronologia do uso dos recursos naturais, porque, para serem criadas, todas as ferramentas necessitaram, antes de qualquer coisa, do uso de um recurso natural adequado. A história da tecnologia segue uma progressão das ferramentas simples e das fontes de energia simples às ferramentas complexas e das fontes de energia complexas, como segue:
As tecnologias mais antigas converteram recursos naturais em ferramentas simples. Os processos mais antigos, tais como arte rupestre e a raspagem das pedras, e as ferramentas mais antigas, tais como a pedra lascada e a roda, são meios simples para a conversão de materiais brutos e "crus" em produtos úteis. Os antropólogos descobriram muitas casas e ferramentas humanas feitas diretamente a partir dos recursos naturais.
A descoberta e o conseqüente uso do fogo foi um ponto chave na evolução tecnológica do homem, permitindo um melhor aproveitamento dos alimentos e o aproveitamento dos recursos naturais que necessitam do calor para serem úteis. A madeira e o carvão de lenha estão entre os primeiros materiais usados como combustível. A madeira, a argila e a rocha (tal como a pedra calcária) estavam entre os materiais mais adiantados a serem tratados pelo fogo, para fazer as armas, cerâmica, tijolos e cimento, entre outros materiais. As melhorias continuaram com a fornalha, que permitiu a habilidade de derreter e forjar o metal (tal como o cobre, 8000 aC.), e eventualmente a descoberta das ligas, tais como o bronze (4000 a.C.). Os primeiros usos do ferro e do aço datam de 1400 a.C..
As ferramentas mais sofisticadas incluem desde máquinas simples como a alavanca(300 a.C.), o parafuso (400 a.C.) e a polia, até a maquinaria complexa como o computador, os dispositivos de telecomunicações, o motor elétrico, o motor a jato, entre muitos outros. As ferramentas e máquinas aumentam em complexidade na mesma proporção em que o conhecimento científico se expande.
A maior parte das novidades tecnológicas costuma ser primeiramente empregadas na engenharia, na medicina, na informática e no ramo militar. Com isso, o público doméstico acaba sendo o último a se beneficiar da alta tecnologia, já que ferramentas complexas requerem uma manufatura complexa, aumentando drasticamente o preço final do produto.
A energia pode ser obtida do vento, da água, dos hidrocarbonetos e da fusão nuclear. A água fornece a energia com o processo da geração denominado hidroenergia. O vento fornece a energia a partir das correntes do vento, usando moinhos de vento. Há três fontes principais dos hidrocarbonetos, ao lado da madeira e de seu carvão, gás natural e petróleo. O carvão e o gás natural são usados quase exclusivamente como uma fonte de energia. O coque é usado na manufatura dos metais, particularmente de aço. O petróleo é amplamente usado como fonte de energia (gasolina e diesel) e é também um recurso natural usado na fabricação de plásticos e outros materiais sintéticos. Alguns dos mais recentes avanços no ramo da geração de energia incluem a habilidade de usar a energia nuclear, derivada dos combustíveis tais como o urânio, e a habilidade de usar o hidrogênio como fonte de energia limpa e barata.
Nos tempos atuais, os denominados sistemas digitais tem ganhado cada vez mais espaço entre as inovações tecnológicas. Grande parte dos instrumentos tecnológicos de hoje envolvem sistemas digitais, principalmente no caso dos computadores.
Se compararmos os avanços tecnológicos atuais com os avanços de alguns anos atrás, podemos notar a tamanha velocidade com que vêm as inovações, impossível até de acompanharmos o ritmo.

Quando pensamos já ter o domínio sobre um determinado software, na semana seguinte, ele já se encontra no mercado numa nova versão. E o mesmo acontece quando pensamos estar de posse de um novo computador; na semana seguinte, surge no mercado outro mais veloz.

E o que mais assusta, na verdade, é este ritmo tecnológico acelerado convivendo ao lado de uma grande maioria que ainda carece de uma educação básica de qualidade.

A pergunta ainda paira no ar: "será que todos podem ter acesso a estas tecnologias"?

Para os mais otimistas, a resposta para este dilema estaria no suprimento tecnológico da rede escolar pública. Embora isto também se faça necessário, é de igual importância uma boa preparação do indivíduo não só a nível técnico, como também a nível dos valores éticos, para que se faça um uso crítico e construtivo destes mesmos recursos tecnológicos.

Pode parecer estranho a muitos um casamento entre filosofia e tecnologia.

A primeira, nascida no séc. V a.C., sugere algo remoto, livresco, obsoleto. No entanto, lembremos que a filosofia é o fundamento de todas as ciências, mesmo aquelas em que o objeto de estudo não seja o próprio homem (no entanto, o afeta de qualquer maneira).

Portanto, é de grande importância reconhecer uma base filosófica em tudo na vida, inclusive, nas inovações tecnológicas. Para que a própria humanidade não cumpra a profecia do "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, onde o poder de poucos é utilizado de maneira arbitrária e contrária à própria vida.

Os avanços tecnológicos aí estão, e vêm por outro lado, contribuir para tornar a nossa vida mais agradável e dinâmica.

Basta pensarmos no quanto a Internet agiliza determinadas tarefas e aproxima as pessoas, em qualquer ponto do planeta.

Para um bom uso do computador e de outras inovações, ou pelo menos no intuito de perseguir este objetivo, é de fundamental importância uma educação tecnológica de boa qualidade, sem perder de vista os aspectos filosóficos que fundamentam todo o processo.